terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ongs defendem cisternas de placas


Até setembro de 2011, quando o Ministério da Integração Nacional decidiu adquirir reservatórios de polietileno para o semiárido brasileiro, todas as cisternas construídas no Brasil eram de placa (alvenaria). Os recursos para a fabricação dos equipamentos de concreto eram repassados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) – entidade que congrega mais de 750 organizações civis do País. Em 2003, a ASA lançou o projeto “Um milhão de cisternas”. A meta era atingir o número que dá nome ao projeto em cinco anos. Mas, passados nove anos do lançamento, apenas 50% do total foi alcançado. E foi utilizando o argumento do atraso que o Governo Federal decidiu adotar as cisternas de polietileno em vez das de cimento.

A decisão gerou reações em algumas cidades do Nordeste. Em fevereiro de 2012, produtores rurais de Crateús (CE) foram às ruas pedir o fim da instalação das cisternas de polietileno. Em Petrolina (PE), um grande protesto parou a ponte que liga a cidade pernambucana a Juazeiro (BA). O ato reuniu, em dezembro de 2011, mais de dez mil pessoas, que também pediram o fim da compra de cisternas de plástico. A pressão da população, com o apoio da ASA, fez o Governo Federal voltar atrás e investir novamente, porém em menor quantidade, nas cisternas de concreto. A ASA continua recebendo recursos do MDS para construir cisternas de placa, mas perdeu a exclusividade e diversas áreas de atuação, que agora são definidas pelo Governo.

A coordenadora executiva da ASA em Pernambuco, Neilda Pereira, explica que a celeridade do programa depende dos repasses de recursos do Governo Federal. Na defesa dos reservatórios de placa, ela diz que, além de custar a metade do preço da cisterna de polietileno (R$ 2.500 contra R$ 5.090), o modelo é mais resistente e movimenta a economia local, já que o material de construção é adquirido através de pregões junto às lojas dos municípios beneficiados e as pessoas contratadas para construí-las residem nas próprias localidades. “O projeto envolve toda a comunidade e a qualidade da cisterna pode ser comprovada, diferentemente das de polietileno. Existem cisternas com mais de 35 anos, construídas pela Igreja Católica em cidades do Sertão pernambucano, que nunca apresentaram problema”, argumenta.

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Fonte: Portal NE 10